“Ouça, ó filha, considere e incline os seus ouvidos: Esqueça o seu povo
e a casa paterna. O rei foi cativado pela sua beleza; honre-O, pois Ele é o seu
senhor.” (Salmo 45.10,11).
Ouço o lamento, muitas vezes amargurado, de moças que não encontraram um
marido com quem pudesse dividir suas vidas. As dores daquelas que não desejam
ser usadas como objetos descartáveis, antes querem ser amadas, compartilhar um
leito conjugal com sexo e amor. Todas elas trazem, no seu ser, o desejo nato de
ser mães.
Mas o que fazer quando a vida
não lhes reservou o aconchego deste lar, quando o altar lhes negou a benção da
troca de alianças e o tempo vai rompendo diante delas as últimas esperanças?
Há algum tempo atrás, uma
jovem senhora me contou que, percebendo que o tempo não lhe era favorável, suas
esperanças estavam por um fio, então fez uma profunda e sincera oração dizendo
a Deus que, se Ele não iria lhe dar um marido, ela aceitaria muito bem, mas que
não queria ser uma solteirona frustrada, amargurada; queria ser uma solteira
muito feliz! Queria estar sempre contente na vida.
Alguém pode perguntar: mas ela
casou? Sim ela casou depois dos trinta, no entanto, a atitude do coração dela é
exatamente o que desejo focar neste texto. Uma disposição de fazer a vida feliz
independente de “outra metade”. Fazer-se completa com o que a vida lhe
proporcionasse. Entendendo que a felicidade de uma mulher não está em um homem
e sim na sua própria escolha de viver uma vida abundante.
Em fase inicial de ministério,
quando ainda cheia de medos e questionamentos sem respostas, Deus falou
profundamente ao meu coração, através do Salmo quarenta e cinco acima citado,
particularmente nos versículos dez e onze. Eu havia “esquecido” o meu povo, a
casa do meu pai fazia alguns anos, quando decidi vivier indepoendente. Mas após
ser voccionada por nosso grande Mestre para o ministério, com dependentes de
drogas, esta declaração audível e doce me enterneceu profundamente. Não podia
compreender porque “O Grande Rei havia sido cativado pela minha beleza”.
Finalmente,que beleza? Não havia dúvidas no meu entendimento que se tratava de
uma beleza subjetiva, entretanto, para mim, meu ser era uma deformação, estava
anos luz aquém da formosura do Mestre, de quem devo ser o reflexo. Compreendi,
por certo, que Ele nos vê glorificados na eternidade, quando então seremos como
Ele é.
Confesso que não era fácil para mim, a solteirice.
Quantas vezes aconselhava casais, quantas vezes desfrutava da companhia de
casais, que se despediam para os seus lares enquanto eu voltava para meu
quarto, para a minha cama, sem braços, sem abraços, sem beijos murmúrios. Às vezes sentia a solidão
escurecer os meus dias, mas eu sempre sabia que, além das nuvens negras, eu
estava sob a soberania do Pai. A sua vontade era boa, perfeita e agradável para
a minha vida, disto eu tinha certeza.
Aconselho, portanto, às solteiras, que tenham o
coração maleável, disposto a “honrar a Jesus, pois Ele é o seu senhor”. Só
assim, poderão ser felizes, na solteirice ou no casamento.
“Canta alegremente, ó estéril, que não deste a luz;
rompe em cântico, e exclama com alegria, tu que não tiveste dores de parto;
porque mais são os filhos da mulher solitária, do que os filhos da casada, diz o
SENHOR.
Amplia o lugar da tua tenda, e estendam-se as
cortinas das tuas habitações; não o impeças; alonga as tuas cordas, e fixa bem
as tuas estacas.
Porque transbordarás para a direita e para a
esquerda; e a tua descendência possuirá os gentios e fará que sejam habitadas
as cidades assoladas.
Porque o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos
Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; que é chamado o
Deus de toda a terra.
“Porque o Senhor te chamou como a mulher
desamparada e triste de espírito; como a mulher da mocidade, que fora
desprezada, diz o teu Deus.” (Isaías 54.1-6).
Por Guiomar Barba.